Domingo, 22 de agosto de 2010 - 03:59
De branco contra o preconceito
Manifestação consolidada em Bauru, 3ª Parada da Diversidade quer reunir até 40 mil pessoas pelo fim da violência
Cristina Camargo
Agência BOM DIA
Marcos Souza, o Markinhos, João Winck e Rick Ferreira seguram troféu “Eu faço a diferença”, que será entregue nesta segunda
Em 2008, os organizadores da Parada da Diversidade de Bauru foram para a Nações Unidas sem saber qual seria a reação do público ao primeiro grande evento gay realizado na cidade.
Tiveram uma surpresa positiva: 15 mil pessoas lotaram a avenida e ajudaram a consolidar a manifestação em clima de festa.
Ano passado, choveu forte na hora da parada. Mesmo assim, o público voltou a encher a Nações Unidas e ficou claro: o protesto colorido faz parte do calendário municipal, resistências à parte.
No próximo domingo, a tribo colorida volta a se juntar às mulheres, negros e outras vítimas da discriminação para seguir cinco trios elétricos e chamar a atenção para os direitos ainda não conquistados legalmente.
“São 78 direitos civis negados”, enumera Rick Ferreira, estudante, empresário e um dos organizadores.
É esperado público de 20 a 40 mil pessoas. Todo mundo orientado a ir de branco, numa alusão ao tema do evento: “Eu amo a Vida - Diga não à Violência”.
O encerramento, no Parque Vitória Régia, terá show da cantora Wanessa (que agora não usa mais o Camargo no nome artístico).
Bem sucedidos donos de casas noturnas, os idealizadores da parada contam com parcerias importantes, como a da prefeitura e de empresas do setor privado.
São bem recebidos onde vão e até ouvem agradecimentos de pessoas que os param na rua e falam da importância da mobilização.
Este ano, contam também com o trabalho de voluntários, cerca de 20 pessoas que se ofereceram para ajudar nos preparativos.
Não ao preconceito
“A impressão é que o terreno estava preparado”, diz o professor universitário João Winck, outro responsável pela parada, ao falar sobre o sucesso da empreitada.
Eles mesmos admitem que o fato de serem profissionais de sucesso ajuda a não sentirem mais na pele os efeitos do preconceito.
Em outros segmentos a discriminação ainda é forte e faz vítimas.
“Convidamos toda a população a protestar contra a violência”, diz Marcos de Souza, o Markinhos, também organizador.
Afinal, atos violentos não atingem apenas os gays, as mulheres ou os negros. Existem vítimas em todos os segmentos. Os coloridos, de roupas brancas, querem todo mundo junto na avenida.
Troféu para quem acolhe as diferenças
O lançamento oficial da 3ª Semana da Diversidade será nesta segunda-feira à noite, em coquetel para convidados no Urbano Pub.
Entre as empresas premiadas está o Grupo Nelson Pascoalotto, que atua na recuperação de créditos e prestação de vários serviços.
Segundo a Associação Bauru pela Diversidade, o grupo empresarial é um exemplo por adotar uma política de respeito às diferenças. Realiza internamente, inclusive, sua própria Semana da Diversidade.
“É bacana, porque cria um ambiente de trabalho ambiente saudável”, diz Marcos Souza, o Markinhos.
Na opinião de João Winck, a adoção de políticas de respeito às diversidades contribui até para o aumento da produtividade no ambiente de trabalho.
“A política da diversidade deveria fazer parte de todas as empresas”, opina Rick Ferreira.
Ano passado, foram entregues dez troféus. Este ano são 12. Para o ano que vem a expectativa é que o número aumente e já existem até nomes escolhidos para a próxima premiação. Prova da ampliação do combate ao preconceito.
Semana
Palestras, exibição de filmes, debates e fóruns fazem parte da Semana da Diversidade 2010.
Abertura da 3ª Semana da Diversidade e entrega do troféu “Eu faço a diferença”
Quando: neste segunda, no Urbano Pub [para convidados]
3ª Parada da Diversidade
Quando: 29 de agosto, às 16h [concentração às 13h, na Praça da Paz, e show no Parque Vitória Régia às 20h]
Quanto: de graça
Informações: www.baurupeladiversidade.org.br
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