sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Diversidade, Sexualidade e Gênero

27/08/2010 - Geral
Seminário aborda diversidade na Saúde

Quando o assunto diversidade é tratado, muito se fala de aceitar as diferenças, eliminar o preconceito e respeitar o outro. Na manhã de ontem foi realizado um evento que teve como enfoque todas essas questões, porém, direcionadas para a área da Saúde.

O Seminário Diversidade, Sexualidade e Gênero ocorreu no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e, além de líderes do movimento, contou com a presença dos secretários da Saúde, Fernando Monti, e do Bem-Estar Social, Darlene Tendolo.

O evento, que faz parte da programação da 3ª Semana da Diversidade de Bauru, contou com palestra, debate e apresentação do Plano Estadual para Enfrentamento do HIV/Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O público-alvo eram exatamente profissionais da área de Saúde, como servidores da Rede Municipal de Saúde, do grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE XV), autarquias e também entidades envolvidas.

De acordo com o secretário da Saúde, é muito importante relacionar a questão da Saúde a políticas de diversidade, uma vez que o preconceito é a base de risco de muitas doenças. “Presenciei muitos casos onde o preconceito fez com que a doença se manifestasse. É o caso do HIV. Muitos queriam assumir um parceiro com vínculo afetivo e não podiam. Assim, com muitos parceiros, acabavam pegando a doença”.

E ele completa que, além do preconceito ser muitas vezes determinante na transmissão da doença, o mesmo ocorre no tratamento. Segundo o secretário, muitas pessoas deixavam de obter o tratamento correto pois, para isso, seria necessário que sua opção sexual fosse exposta. “Presenciei muitas vezes o paciente morrendo por esse medo de se expor. A causa da morte foi o preconceito”.

Em relação especificamente ao combate ao HIV, Fernando Monti afirma que é preciso esclarecer que a opção sexual não é causa da doença e tampouco um fator determinante. E, para isso, é preciso disseminar a informação sobre maneiras de prevenção.

Para o coordenador geral da Associação Bauru pela Diversidade (ABD), Markinhos Souza, muitos agentes da Saúde tratam os grupos de GLBT de forma diferente, porém, não atribui essa postura ao preconceito apenas. “Muitos não são corretamente tratados mais por falta de informação do que por discriminação. Este evento visa justamente isso: ensinar como isso deve ser feito pelos profissionais de Saúde”, ressalta.

A mestre de cerimônias do evento foi a transexual Giovanna Gery. Para ela, a área da Saúde ainda é carente e um seminário desse tipo pode atrair inclusive a atenção dos políticos. “Temos um problema muito grande em relação à Saúde, principalmente aos nossos grupos. Em um evento assim, as pessoas abrem mais a mente. E isso não atinge somente quem está aqui, mas também os políticos que passam a nos enxergar com outros olhos”.
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ABD pede adoção de ‘nome social’


Para o coordenador geral da Associação Bauru pela Diversidade (ABD), Markinhos Souza, Bauru caminha bem na quebra do preconceito. Ele exemplifica na própria escolha de uma transexual para ser mestre de cerimônias de um seminário.

Porém, ressalva que a luta por essa bandeira, que começou há três anos na cidade, ainda é longa. “Há bastante preconceito interno gerado por preconceitos externos. Ou seja, uma pessoa que tem a opção sexual diferente não se mostra. Mas ela não faz isso porque não quer. Ela tem essa postura por medo de ser rotulada e discriminada”, afirma.

Exatamente pensando em acabar com esses “rótulos externos”, ontem, Markinhos oficializou pedido de que seja implementado decreto municipal para o cumprimento de uma lei estadual, na qual os órgãos públicos passem a chamar transexuais e travestis pelo seu nome social, e não pelo nome de batismo.

“É um constrangimento muito grande. A pessoa está esperando em um posto de saúde, por exemplo. Vem a enfermeira e chama pelo nome de batismo. É uma vergonha.”

O “nome social” é aquele pelo qual os transexuais e travestis se reconhecem e como querem ser reconhecidos na sociedade. Em junho, Botucatu aprovou decreto municipal instituindo a medida na administração pública.
Vitor Oshiro para o Jornal da Cidade

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