terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sigla LGBT: polêmica volta à Câmara

10/08/2010 - Política
Sigla LGBT: polêmica volta à Câmara


Associação levou faixas de protesto contra o vereador Roberval Sakai (PP); manutenção da sigla é questão central

Pela primeira vez desde o início da polêmica sobre o projeto sobre a criação da Semana de Combate ao Preconceito e à Discriminação, a Semana da Diversidade, e sua participação do calendário oficial do aniversário de Bauru, Roberval Sakai (PP) e membros da Associação Bauru pela Diversidade (ABD) conversaram sobre a proposta. O vereador, que é o relator do projeto pela Comissão de Justiça da Câmara, usou a tribuna para se manifestar sobre o assunto. Já a ABD levou faixas citando nominalmente o vereador.

“A homofobia é uma violência, a falta de laicidade no governo também” e “Não queremos ser chamados de minoria, queremos ser chamados de comunidade LGBT, pastor Sakai” diziam as faixas de protesto. Apesar do projeto não fazer parte da pauta da sessão da Câmara de ontem, a ABD fez questão de marcar presença na galeria. Coincidentemente, ontem, a tribuna foi usada pelo pastor Edson Valentim de Freitas Filho, que falou sobre o aniversário da cidade, a importância da família e a Marcha para Jesus, que será realizada no próximo dia 21.

Marcos de Souza, o Markinhos, coordenador geral da ABD, afirmou que havia rumores que o projeto seria votado ontem, por isso a presença dos membros da associação e militantes na galeria. “Além disso, falaram que existe grande probabilidade de a legenda cair. Nós queremos que o projeto se mantenha específico, caso contrário corre o risco de ficar genérico demais”, afirma. O vereador defende a mudança na proposta, substituindo a menção a Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) pela palavra minorias.

Os coordenadores da ABD se reuniram rapidamente com Sakai, pastor Luiz Barbosa (PTB) e Roque Ferreira (PT). “Ele nos informou que a sigla não o incomoda. Que toda a polêmica foi criada pela mídia”, afirma Markinhos. “Mas sabemos que há articulação de bastidores para isso”, diz. Ele avalia que o evento que estão organizando atrairá milhares de pessoas para Bauru e que, caso o projeto seja votado com a substituição do termo LGBT, poderá haver manifestações. “Vamos insistir até o final”, afirmou. Ainda assim, garantiu que, independentemente do projeto, a Semana da Diversidade será realizada em Bauru.

De acordo com o vereador, ele dará seu parecer sobre a proposta nos próximos dias. “Vou dar o parecer com muita tranquilidade”, diz. Após a reunião, ele afirmou que foi sincero com os organizadores. “Afirmei que não possuo qualquer tipo de preconceito, de discriminação com, ‘A’, ‘B’ ou ‘C’, tanto como homem público, quanto como pastor evangélico”, diz Sakai.

Sobre o conteúdo de seu parecer, Sakai foi evasivo. “Pode ser que tenha alguma emenda, ainda não decidi”, afirma. Porém, deixou claro que não gosta da redação atual. “Do jeito que está, acaba discriminando alguns grupos”, afirma, dando como exemplo a ausência dos povos índios na proposta. Ele afirmou que não garantiu aos coordenadores da ABD a manutenção da sigla LGBT. Durante o seu pronunciamento na tribuna, Sakai afirmou que surgiram muitos comentários na mídia sobre o caso. “Eu nunca discriminei ninguém”, disse. O vereador deu a entender que o seu parecer não irá agradar a todos. “Talvez não venha a atender todos os interesses”, afirmou. “Eu não tenho preconceitos. Respeito as pessoas e quero que respeitem meu posicionamento como homem público”.

Lígia Ligabue para o Jornal da Cidade

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